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segunda-feira, 19 de julho de 2010

No inverno, olhos exigem mais atenção


Dor, vermelhidão e sensação de areia nos olhos podem indicar "síndrome do olho seco". Sintomas devem ser tratados prontamente.


Baixas temperaturas, vento frio e seco. Durante o inverno, o corpo todo se ressente e precisa de mais energia para manter a temperatura interna equilibrada. Pele e olhos são os que mais ressecam. Mas os olhos exigem atenção especial, já que estão mais vulneráveis a doenças como conjuntivite e, principalmente, olho seco.

"De modo geral, no inverno as pessoas precisam dormir muito bem, tomar bastante água - mesmo sem sede - e praticar exercícios físicos regularmente. Essas atitudes, ao lado de uma alimentação balanceada, previnem doenças oportunistas, que geralmente surgem quando o organismo está com baixa imunidade. Para quem passa muitas horas em frente ao computador, por exemplo, a síndrome do olho seco pode incomodar bastante e ainda evoluir para quadros mais graves quando não tratada adequadamente", diz o oftalmologista Renato Neves, diretor da clínica Eye Care, em São Paulo.

De acordo com o especialista, vários fatores podem afetar a qualidade e a quantidade do filme lacrimal, que recobre a córnea e a conjuntiva, provocando alterações nos olhos e inclusive perda de visão. "A quantidade de lágrimas também pode variar quando a pessoa está em repouso ou sob stress. Dor, vermelhidão, visão embaçada e sensação de areia nos olhos são alguns dos sintomas mais comuns do olho seco".

Além dos cuidados pessoais, Neves recomenda que as pessoas evitem ambientes empoeirados e com ar-condicionado nesta época do ano, procurem umidificar o quarto durante a noite, e redobrem os cuidados com a higiene das mãos e dos olhos. "Se os sintomas persistirem por alguns dias, é necessário procurar um oftalmologista. Apesar de comuns na estação mais fria do ano, os sintomas podem indicar outras doenças, como alergias oculares e infecções que precisam ser tratadas prontamente".
Dr. Renato Neves, médico oftalmologista, diretor da clínica Eye Care (SP)



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domingo, 11 de julho de 2010

Dia Mundial da Saúde Ocular - Especialistas alertam sobre cuidados básicos com os olhos


Segundo a OMS, essa rotina de defesa poderia evitar 80% dos casos de cegueira


Uma triste estatística poderia ser reduzida drasticamente com medidas simples de prevenção. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que 70% das pessoas com alguma deficiência no Brasil são cegas ou têm baixa visão. No mundo, elas somam entre 40 e 45 milhões de indivíduos. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 80% dos casos de cegueira seriam evitáveis com cuidados básicos. Hoje, Dia Mundial da Saúde Ocular, especialistas ressaltam que a prevenção deve começar logo nos primeiros dias de vida. “O teste do olhinho deve ser feito tão logo a criança nasça. Existem doenças congênitas que precisam ser tratadas o mais brevemente possível”, afirma o oftalmologista Sebastião Ferreira Neto, especialista em retina.


Na rede pública de saúde, enfermeiros e pediatras fazem a ectoscopia (avaliação externa do rosto e dos olhos) e a fundoscopia — exame em que um feixe de luz é apontado para os olhos, na tentativa de identificar se há um reflexo vermelho, que significa normalidade. Em alguns hospitais, a equipe de obstetrícia já faz o exame de fundo de olho com um aparelho chamado oftalmoscópio binocular indireto.

Essa atenção com o recém-nascido pode ser essencial para evitar a evolução de doenças como o glaucoma congênito. O glaucoma é provocado pela alta pressão ocular, que acaba danificando o nervo óptico. “O olho é como se fosse uma máquina fotográfica inflada. Dentro dele, há vários líquidos responsáveis por deixar tudo claro, transparente. Quando alguma coisa atrapalha o fluxo desses líquidos, há alteração da pressão ocular”, explica Sebastião Neto. “O glaucoma é uma das doenças mais silenciosas do corpo humano. A pessoa vai perdendo gradualmente o campo de visão, e não há como recuperar o nervo óptico danificado”, completa o oftalmologista Celso Boianovsky.

Crianças nascidas antes do tempo também precisam de cuidados especiais com a visão. Isso porque podem desenvolver a retinoplastia da prematuridade, que é a formação de vasos anormais dentro da retina. Como os órgãos do bebê ainda estão imaturos, não conseguem mandar oxigênio suficiente para o sangue. Com isso, formam-se áreas de isquemia na retina. Os vasos “corretos” param de crescer e uma série de vasos anormais começa a se formar. “Precisamos eliminar esses vasos inúteis o quanto antes, porque eles podem provocar cegueira. Isso é feito com cirurgia a laser ou com medicamentos”, esclarece o oftalmologista Sebastião Neto.

Visão monitorada
Mesmo com o teste do olhinho, os pais precisam ficar atentos à saúde ocular dos filhos durante toda a infância. A visita ao oftalmologista deve ocorrer anualmente. “Uma criança pode ser completamente saudável no aspecto físico, mas ter problemas sérios nos olhos”, alerta Sebastião. Uma disfunção bastante comum é a ambliopia, quando um olho enxerga melhor do que o outro. “Quando há essa diferença de grau, o olho mais fraco precisa ser estimulado. Se isso não ocorre, a pessoa chega na idade adulta enxergando muito pior. E não há como reverter esse quadro, porque já passou a fase em que o cérebro faz conexões com o sentido da visão”, detalha o oftalmologista.

A regra da visita anual ao médico vale também para os adultos. A administradora Ana Laura Coimbra, 62 anos, procura um especialista com frequência para acompanhar a pressão ocular. “Não sinto dor e não tenho sintomas, mas isso pode virar um glaucoma. Já cheguei a vir ao oftalmologista de três em três meses”, conta Ana Laura.

Outra doença “silenciosa” — e que é a principal causa de cegueira entre os adultos — é a retinoplastia diabética. Nos portadores de diabetes, a glicemia elevada destrói os vasos da retina lentamente. “É como se a gente colocasse água salgada no encanamento de ferro de uma casa. Com o passar do tempo, o encanamento fica enferrujado, provocando obstrução dos vasos”, compara Sebastião Neto. O aposentado Alberto Francisco do Carmo, 67 anos, sentiu os efeitos da doença. Diabético desde 1982, ele descobriu a retinoplastia em 2002. “Na época, o oftalmologista não percebeu a doença. Só foi diagnosticada quando eu estava com 85% da visão do olho direito prejudicada”, lembra. O problema foi revertido depois de disciplina na dieta, prática de exercícios físicos e visitas regulares a um especialista.

O “monitoramento” da visão é, segundo os médicos, a única forma de garantir a saúde ocular. O problema é que a maioria das pessoas só vai ao oftalmologista (1) quando está com dificuldades para enxergar. “A coisa menos importante é a necessidade de colocar grau ou não. O mais grave são as doenças que não têm sintomas aparentes”, alerta Sebastião. “E isso fica ainda mais sério com o passar do tempo, quando o olho começa a perder seus mecanismos de defesa”, completa o colega Celso Boianovsky.

“Termômetro” ocular
A questão do grau é tão mais simples que talvez se torne possível, em breve, descobrir falhas na visão sem sair de casa. Uma equipe de pesquisadores brasileiros e indianos do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, na sigla em inglês) desenvolveu um aparelho capaz de verificar o grau de refração em pouco mais de dois minutos. Funciona assim: um papel transparente, impresso em máquinas comuns, é colocado no display de um smartphone. Nessa espécie da máscara, há duas linhas e pontos. Ao aproximar os olhos do filtro óptico, a pessoa tem a tarefa de colocar as duas linhas sobrepostas, com ajuda do celular. Conforme o deslocamento que fará para colocá-las juntas, é possível definir o grau de miopia, hipermetropia e astigmatismo. Se estiver vendo as duas juntas, a visão está normal.



O "EyePhone" é uma criação de pesquisadores brasileiros e indianos: exames rápidos, feitos pelos próprios pacientes, com um telefone celular adaptado


“Conseguimos calcular o grau com base da quantidade de pixels deslocados”, explica Vitor Pamplona, estudante de doutorado e pesquisador visitante do instituto. O protótipo teve um custo de produção de cerca de US$ 2 (pouco menos de R$ 4). Se produzido em larga escala, sairia a menos de US$ 0,25. Vitor lembra que a invenção — apelidada de EyePhone, em alusão ao famoso produto da Apple — não substitui médicos. “A ideia é fazer com que o aparelho seja como um termômetro. A pessoa vai e checa sua temperatura. Se estiver com algum problema, procura o hospital”, compara o estudante brasileiro.

O presidente da Sociedade Brasileira de Oftalmologia, Mário Motta, elogiou a criação dos pesquisadores. Segundo ele, o aparato dificilmente será usado por oftalmologistas, que já têm equipamentos específicos para verificar a refração. “O mais importante é saber que nada substitui o exame clínico. A pessoa pode ver o grau, fazer o óculos e ficar com a sensação de que está com o olho saudável. O que nem sempre é a verdade”, diz Mário.

1 - Profissões diferentes
Muitas pessoas confundem oftalmologista com oculista. Esse último é o profissional que trabalha em óticas, com a produção de óculos. Somente o oftalmologista, porém, tem autorização para fazer diagnósticos e indicar tratamentos, mesmo que seja o uso de lentes.

Conheça outras doenças que afetam a visão:
Catarata
Ocorre quando há opacidade do cristalino, a lente dos olhos. É identificada por um reflexo esbranquiçado na pupila. O tratamento inclui a retirada do cristalino e a indicação de lentes ou óculos. Em crianças a partir dos 2 anos, já é possível colocar uma lente permanente no local.

Glaucoma
A doença só começa a dar sinais em estágios mais avançados, quando o olho lacrimeja e fica vermelho. Para tratamento, os médicos fazem uma cirurgia para drenar o excesso de líquido no olho e, assim, estabilizar a doença. O dano ao nervo óptico, no entanto, é irreversível.

Tumores
Embora não sejam muito comuns, também são diagnosticados em exames de fundo de olho. Dependendo do caso, o tratamento é feito com placas radioativas, medicamentos ou cirurgias.

Doenças vasculares
Os vasos da retina são como os do cérebro, “desenhados” para permitirem a passagem apenas do necessário ao sistema como um todo. Quando há alguma deficiência nessa “organização”, a parede dos vasos é destruída, provocando vazamento de líquidos.

Carolina Vicentin



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